domingo, julho 30, 2006

 

Cores gritantes

Recuperar uma gravação do show do Living Colour no Hollywood Rock de 91 me fez vez novamente o quanto essa banda é especial. Quatro músicos do mais elevado calibre, verdadeiros gênios de seus instrumentos, mandando ver em seu rock multifacetado e suingado com energia e entrega totais - com destaque iniquívoco para o fantástico vocalista Corey Glover e para o bom gosto insuperável do baterista Will Calhoun. Legal ver também que essa tradição de bandas puramente virtuosas lá dos anos 60/70, cheias de solos e experimentações mas que nunca deixaram a técnica ser mais importante que a música em si, como Led Zeppelin e (comparação óbvia) Jimi Hendrix Experience ainda possui hoje em dia representantes mais do que qualificados.

E eu que pensava que filmes como "Lágrimas do Sol" não fossem mais feitos! Essa história do oficial americano durão mas justo e humano, que leva paz na base da força bruta a territórios selvagens como a África, embalado com visual de comercial de cigarro e musiquinhas grandiloqüentes, já não colam mais faz tempo. E o pior de tudo é o papelzinho de joguete reservado para o diretor Antoine Fuqua, que retrata de forma tão pateticamente esteriotipada e porcamente reducionista o continente africano, sendo ele próprio negro, que faz de toda a empreitada algo ainda mais constrangedor do que já seria a princípio. Um desastre total que nem Monica Bellucci consegue salvar.

segunda-feira, junho 05, 2006

 

Barrados no cinema

Até sou fã de Kevin Smith, mesmo admitindo que seus excessos verborrágicos-escatológicos vez por outra são de um mau gosto-inconveniência atroz. Mas "Barrados no Shopping" pode ser considerado facilmente seu pior filme, com sua encenação pobre, suas piadas ruins e sua vontade de querer chegar a algum lugar (no caso, homenagear a dupla de Johns, Landis e Hudges) e não conseguir chegar a lugar algum. É uma película excessivamente literal, dependente por demais de um texto fraco, que tem muito pouco a mostrar com suas imagens, ou seja, que cinematograficamente não tem quase nada a oferecer. Sobram algumas sequências razoáveis no final - o resto é bobagem das mais descartáveis.

Mais uma vez, falar da arbitragem desse péssimo Campeonato Brasileiro. Tenho acompanhado muito pouco, pois o nível técnico é horroroso - o Santos liderou o torneio por algum tempo fazendo e levando uma série de gols contra, nada mais sintomático... mas o que um juiz aí fez no jogo Juventude e São Paulo me assombrou novamente. Um erro crasso em seguida de outro, uma coisa realmente vergonhosa. E o pior é que não é o primeiro e certeza que será mais um de vários, até que alguém tome providências. Ou será que é assim mesmo que desejam que as coisas sejam mantidas? Mistério...

domingo, abril 30, 2006

 

Os primeiros discos...

Os dois primeiros discos do Green Day são deveras interessantes principalmente porque já mostram uma banda pronta, que sabia exatamente o que queria, desenvolvendo um trabalho com personalidade própria mesmo que com produções bastante ruins. O primeiro disco, "39/Smooth", é inteiramente calcado em uma mesma fórmula, mas as melodias compostas por Billie Joe já se mostravam extremamente cativantes. O segundo, "Kerplunk", conta afinal com o batera Tré Cool e é a verdadeira prévia do que seria a carreira do trio nos anos seguintes, já se arriscando mais nas composições e esbanjando seu peculiar bom humor.

E os dois primeiros trabalhos do System of a Down podem soar bem parecidos, mas algumas escutadelas mais atentas nos revelam detalhes importantes até sobre sua feitura. "Toxicity", disco que fez o quarteto explodir no mainstream, tem produção impecável e fúria palpável, mas já revela uma banda sendo cuidadosamente preparada para fazer sucesso. O debut auto-intitulado, além de musicalmente melhor e mais fora de controle, é também muito mais espontâneo - e, conseqüentemente, muito mais interessante.

Agora, confirmou-se de vez: o João Penca e os Miquinhos Amestrados é uma das maiores bandas que esse país já ignorou. "A Festa dos Micos", disco ao vivo lançado sei lá quando e vendido sei lá aonde, reúne verdadeiras obras-primas do deboche, como "Psicodelismo em Ipanema", "Como Macaco Gosta de Banana", "Superstar" e "Universiotário", faixas inacreditáveis de tão energéticas. Genial!!!

quinta-feira, março 30, 2006

 

Revisões e impressões

Muito interessante poder rever "O Bebê de Rosemary", e assisti-lo sob a ótica do personagem de John Cassavetes. Como o filme é inteiro calcado na Rosemary de Mia Farrow, podemos ver o quanto é dissimulado e mesmo impotente seu marido durante toda a trama, e, nessa mudança de foco, também imaginar tudo aquilo que deve desenrolar-se fora da tela transforma-se em um excelente exercício de abstração. Além, é claro, de também admirarmos o excelente trabalho do ator-diretor.

E assistir a determinados filmes de uma carreira já constituída pode nos revelar muito mais do que se pode crer. "Encurralado", de Spielberg, à primeira vista pode parecer somente um exercício de ação - e dos mais competentes, diga-se. Mas as cenas iniciais, que mostram o personagem a ser perseguido ligando para sua esposa disposto a desculpar-se de rusga recente, e esta o escuta com a filhinha ao fundo, entregam a principal motivação da película, e que cuja leitura é facilitada pelos temas recorrentes nos filmes de Spielberg que já estamos acostumados a ver desde sua estréia no cinema: brigou com a família, será punido. Pois é...

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

 

Lombrigas

O "Oliver Twist" do Polanski é muito bem feito e elegante, mas me mais pareceu um suspiro aliviado em meio à uma carreira ofegante de genialidade (como havia sido o malfadado "Piratas" algumas décadas atrás). Serviu para matar algumas lombrigas do seu diretor, e nada mais.

E as arbitragens no Brasil continuam escandalosas de ruins... mas não só por aqui que a coisa é de chamar a polícia: os dois juizinhos que apitaram os jogos do Palmeiras na pré-Libertadores também deram um baile de incompetência. E na Europa, se vê também cada coisa... a porcaria é generalizada, parece uma doença. E incurável, pelo visto.

domingo, outubro 23, 2005

 

A modernidade do retrô

O show dos Strokes no TIM Festival carioca última sexta-feira, transmitido via MTV (fazendo uma rara concessão em sua atual programação acéfala e passando música novamente, vejam só!), foi sinceramente surpreendente. Mesmo que ainda conservassem algo da irritante postura blasé e distanciada que é tão cara aos ditos "modernos" de plantão, a banda estava até que bem solta no palco, e sua música, distante de aparatos teconológicos e facilidades de estúdio, ganha consideravelmente em guitarras ao vivo. Assim, composições como "Someday" e "Hawaii-Aloha" revelaram melodias interessantes, em interpretações muitíssimo mais raçudas que suas versões em estúdio. Convincente até para quem tinha pés atrás em relação a este tão badalado quinteto.

Melhor filme visto em cinema ultimamente: "As Quatro Aventuras de Reinette e Mirabelle", de Eric Rohmer. Simples e direto, apenas quatro historinhas a se contar, quatro momentos de duas vidas a se capturar e exibir. Um filme alegre, que acredita na força de suas atrizes e de seu roteiro, com um trabalho de mise-én-scene leve, quase invisível, mas de grande e sincera eficácia. Pena que, ao sair de cartaz, provavelmente não ouçamos mais se falar da fita - ou será que algum iluminado lançará essa belíssima obra em DVD?

terça-feira, agosto 16, 2005

 

Hermanos maletas

Infelizmente, tive o desprazer de ouvir o novo disco dos Los Hermanos, "4". O álbum, de tão chato, chega às raias do insuportável. Tudo é moroso, blasé, distante, pretensioso. A banda não consegue se decidir entre fazer MPB de uma vez ou virar um clone aborrecido de Weezer e fica em cima do muro o tempo todo; mas acredita piamente estar fazendo um trabalho revolucionário, sentido, poético, único. Os arranjos são requentados, as melodias idem, as letras são horrorosas e os vocais sussurrados soporíferos; mas o mais repugnante é que tudo isso parece envolto por uma áurea intelectualóide de pretensa superioridade, uma espécie de arrogância artística indisfarçável. Patético, mas tem quem goste.

O Campeonato Brasileiro deste ano é o de nível técnico mais fraco em muito tempo. O que mais se pode dizer de um certame que tem, entre os primeiros colocados, Botafogo, Paraná Clube e Ponte Preta, e ainda é liderado por um Corinthians que tem em seu elenco "craques" do porte de Rosinei, Edson e Betão? Mas o mais calamitoso, próximo do apocalíptico, é a arbitragem. É impressionante o quanto os juízes brasileiros são medíocres, em todos os quesitos possíveis de avaliação. Dá até medo.

segunda-feira, julho 11, 2005

 

Cemitério de uma carreira

Dentre os vários pontos problemáticos de "Jardins de Pedra", o principal é aquele que deveria ser a força motriz do filme: a amizade entre os dois protagonistas. Se James Caan segura as pontas como de costume, o mesmo não se pode dizer de seu sidekick, o inexpressivo D. B. Sweeney. Deveria se torcer para o segundo, em sua tentativa de crescer dentro do exército, saindo assim da sombra do pai, e que conquista a admiração e o respeito de seus superiores pela sua força e caráter. Mas tal personagem, já clichê em sua essência, é interpretado de forma tão banal pelo fraco ator que não rende torcida nem identificação. Some-se a isso a direção ponto-morto de Francis Ford Coppolla, que se espalha também pelos outros intérpretes (o de Angelica Houston é um primor de apatia) e uma irritante visão "chapa-branca" do exército americano enfileirando uma porção de frases feitas a respeito da guerra do Vietnã e temos um filme quase que completamente falido em suas intenções.

Podemos dividir a carreira de Coppolla em três: a primeira fase, disparado a melhor, do início de carreira até "Apocalypse Now"; depois a fase dos anos 80, que ainda mantém seu interesse; e a fase terminal, deste "Jardins de Pedra" até "O Homem que Fazia Chover", onde o realizador se acomoda e praticamente anula sua força criativa.

sexta-feira, junho 17, 2005

 

Punk's not dead?

Ouvir "Mais Podres do que Nunca", dos Garotos Podres, é uma experiência interessante, principalmente por causa de suas letras. Não só por serem reproduções de palavras de ordem que davam voz aos proletários da época, e que hoje soam pueris e demasiado ingênuas, mas principalmente pelo enfoque dado a isso. Culpar o sistema a todo custo, e eximir o indivíduo de qualquer culpa é coisa bem covarde. Parece ser até um blá-blá-blá populista bem ralo, coisa de sindicato querendo explorar trabalhadores em prol de um "bem comum". Ao que parece, não foi à toa que alcançaram certo sucesso...

Já com o Cólera a história é diferente. Mesmo que "Tente Mudar o Amanhã" seja um disco longo e por vezes meio repetitivo, seu discurso é muito melhor direcionado, canalizado via um instrumental de respeito, pouco usual em bandas punk do período. O tom de voz de Redson, por ora agressivo, por ora mais introspectivo, nunca deixa de transmitir raiva e desesperança com o ser humano e de fazer eco com suas concisas letras, que acreditam ser o indivíduo o responsável por suas próprias mazelas, e não a sociedade. Com essa visão menos demagógica do mundo, são relevantes até hoje.

E o Hino Mortal, banda que conta nos vocais com o ledário Índio, fundador daquela que é considerada a primeira banda punk do Brasil, o Restos de Nada, é professoral em seu principal registro fonográfico, o vinil "ABC Hardcore Volume 3", que prensou uma fita demo histórica, datada de 1986. Trata-se de uma verdadeira aula de como se desconstrói a música, com tudo desencontrado e propositalmente fora de ritmo, e de como se usa uma banda para fins não artísticos, e sim ideológicos, de forma honesta e desencanada, sem deixar de ser raivosa e provocadora. Bem próximo daquilo que se convencionou chamar de punk, e como poucas vezes se viu por aqui.

quarta-feira, junho 01, 2005

 

Metaleiros, apreciem (ou não)

Roubando uma idéia do blog musical do Sérgio Alpendre, aproveito minha total falta de criatividade para novos posts e lanço aqui um quadro de cotações SLAYER!

Show no Mercy - *****
Haunting the Chapel - ***
Hell Awaits - ***
Live Undead - ***
Reign in Blood - *****
South of Heaven - **
Seasons in the Abyss - ***
Decade of Agression - ****
Divine Intervention - ****
Undisputted Attitude - *****
Diabolus in Musica - ***
God Hates Us All – nunca ouvi

domingo, maio 08, 2005

 

Fica aí o exemplo

Daniel Alberto Passarella sem dúvida não é o maior técnico do mundo. Mas, mesmo após a humilhação de domingo à tarde frente ao São Paulo, no Pacaembu, El Kaiser ainda demonstrava interesse em permanecer à frente do Corinthians, dando exemplo de persistência principalmente aos técnicos brasileiros, que tanto o fustigam apenas por ser argentino, e que, em situação parecida, pegariam seus bonés e pediriam demissão rapidinho. Coisas de quem realmente possui, como ele mesmo gosta de dizer, 'ganas'.

O goleiro Fábio Costa foi afastado em parte por problemas técnicos, mas principalmente por seu ego monumental e por sua arrogãncia extrema estarem afetando o ambiente do Corinthians. A prepotência do cara era tanta que, ao que parece, o impedia de assumir os próprios erros, e, ao dar entrevistas, fazia uso de uma verdadeira metralhadora verbal, onde fazia uso de grosserias diversas e não poupava ninguém no intuito de tirar o seu próprio da reta. Tanta falta de humildade fez contraste com o rosto de seu substituto embaixo das traves mosqueteiras, o novato Thiago, após a goleada sofrida ante o São Paulo. Abatido e chateado, mesmo após algumas impressionantes defesas feitas durante a partida, o arqueiro demonstrou ao menos ter sentimentos e sangue correndo em suas veias, coisa que o homem de gelo Fábio Costa, do alto do pedestal que criou para si mesmo, nunca se dignou a demosntrar.

domingo, maio 01, 2005

 

Sobre mães e heróis

Sobre os filmes de Zhang Yimou em cartaz atualmente nos cinemas... ambos podem ser considerados um espetáculo a serviço de seu diretor, e não o diretor a serviço do espetáculo. E se dão mal porque todo esse egocentrismo de Yimou, esse seu desejo de redefinição da arte, é apenas desejo; na prática ele não possui talento para tanto. "O Clã das Adagas Voadoras" se sai melhor, apesar de irregular. E, mesmo que os momentos de mair vigor sejam esparsos, "O Clã..." tenta fazer uso das cores e do apuro visual a serviço, e em maior integração, com a história que acompanha. Não consegue, mas ganha alguns pontos justamente pela tentativa. "Herói", por sua vez, quer ser tão sobre-humano que não possui alma. E, de tão morto, decepciona mesmo em seu suposto virtuosismo estético. Parece um presente de magnífica embalagem, mas oco. Assim, vazio, até seu belo invólcruo perde o sentido.

Interessante como a ordem dos fatores às vezes altera, sim, o produto. Deve ser coisa de uma primeira (e talvez apressada) análise, mas achei "Tudo Sobre Minha Mãe" algo superior a "Fale Com Ela", justamente por tê-lo visto depois. São filmes de temáticas semelhantes, mas de estruturas levemente diferentes. Enquanto o primeiro se desenvolve em uma progressão usual, o segundo se permite brincar aleatoreamente com o passado; o roteiro de "Tudo Sobre Minha Mãe" parece ser mais complexo e pé-no-chão que o de "Fale Com Ela", que, por sua vez, pertence àquelas raras categorias de filmes que nos diz muita coisa sem precisar mostrá-las. E ambos apresentam essa característica tão própria dos autores em cinema, que Pedro Almodóvar alcançou com brilhantismo ímpar e que tantos ainda perseguem: falar sempre sobre o mesmo tema, e sempre se renovar. Geniais.

quarta-feira, abril 27, 2005

 

Na terra da Rainha...

O Chelsea será campeão inglês porque abriu seus olhos na hora certa. Na temporada passada, o milionário russo Roman Abramovic gastou rios de dinheiro para contratar (e praticamente acabar com a carreira de) craques como Verón e Crespo, mas entregou o comando da equipe ao limitadíssimo treinador italiano Cláudio Ranieri. Deu com os burros n'água, mas fez aquilo que qualquer ser humano com um mínimo de inteligência e humildade deve fazer: aprendeu com o próprio erro. Na atual temporada, Abramovic resolveu adotar a política “pés no chão” (se é que, com tanto dinheiro, isso possa existir) em relação ao seu time, ao investir em atletas de menos renome como Kezman e Drogba; mas bancou o salário exorbitante do técnico campeão europeu de 2004, o falastrão e competente português José Mourinho. Investiu aonde mais precisava, e o resultado está aí: os londrinos estão, merecidamente, com a mão na taça. Em tempo: Frank Lampard, volante da equipe, é o melhor meio-campista do atual futebol europeu. Disparado.

O politicamente correto é uma praga das mais irritantes. De um e-mail que recebi esta semana:
"Preservar o meio ambiente é sinal de respeito ao ser humano, pense se realmente é necessário imprimir este e-mail".

sexta-feira, abril 15, 2005

 

Xenofobia pouca é bobagem

Essa prisão do zagueiro argentino Leandro Desábato vem, aos poucos, se transformando em uma das maiores palhaçadas que já pude presenciar. Ofensas são coisas típicas de jogo, e morrem por ali mesmo. Ter chamado o atacante Grafite de “macaco” ou “negro” durante uma partida não significa absolutamente que Desábato, ou qualquer outro atleta, seja racista, e isso só quem é idiota não percebe. Por quê nunca se destacam os xingamentos dos quais os argentinos também são alvo? E, aí, o caso vira um terreno dos mais saborosos para os hipócritas de plantão vomitarem sua demagogia via os meios de comunicação. Em situações como essa, a simples naturalidade brasileira do jogador passa a ser seu salvo-conduto, e a proveniência argentina dos atletas adversários o condenam de antemâo, seja como 'arrogantes', seja 'racistas', seja 'prepotentes' e etc. Esses urubus da crônica esportiva adoram criar clima de guerra antes de jogos contra portenhos, e nessa situação Desábato esses mesmos incitadores agora posam de bons mocinhos. Quanto nojo.

E os xenófobos de plantão não estão para brincadeira. Kia, todo-poderoso do Corinthians, vem sendo perseguido incessantemente desde sua chegada ao Brasil. Mas esses mesmos arautos da integridade, tão interessados em defender nossos interesses, fazem vista grossa à fortuna de Eurico Miranda, à dinheirama suspeita do Brasiliense, à boa-vida de Ricardo Teixeira... Será que também existe uma “reserva de mercado” para a ladroagem?

E esse papo da transferência de Robinho já está ficando insuportável. Que vá embora logo, e satisfaça seu próprio desejo de jogar no exterior, e da imprensa, que deseja vendê-lo a todo custo e planta seguidamente informações das mais estapafúrdias.

segunda-feira, abril 04, 2005

 

Teoria da conspiração

Pode nem ser que seja, mas vá lá...

"We Are The World", antes de virar clássico trash, entrou para a história antes de tudo como um libelo à benevolência, ao altruísmo, um pedido emocionado de ajuda ao próximo, que visava tocar o ser humano em favor dos esfomeados africanos. Mas, hoje em dia, descontando a cafonália explícita de sua letra rasteira e seu horroroso videoclip, podemos enxergar vários artistas americanos fazendo uma grande ode à si mesmos, e, consequentemente, à sua nação. Explicitaram, até mesmo com o nome do projeto ("USA For Africa"), o orgulho americano, o poder da terra das oportunidades, única nação capaz de mobilizar o planeta em prol de qualquer causa e consciente disso. "Nós Somos o Mundo", afirmavam, entre satisfeitos sorrisos. Agora, nesse sombrios tempos de George W. Bush, chega a soar como um grandioso hino fascista.

Podemos também enxergar na clássica "Hotel California", dos insuportáveis Eagles, característica semelhante. Nela, a descrição de um hotel acolhedor e de atmosfera mágica revela a visão peculiar de uma Califórnia também acolhedora e mágica, onde os imigrantes se sentem felizes e contentes, e para lá rumam em busca de todas as maravilhas prometidas nessa terra de sonhos e de potes de ouro no fim do arco-íris. A afirmação definitiva de que o mundo começa pelos Estados Unidos, feita por uma de suas mais emblemáticas bandas. Nacionalismo exacerbado, embalado para consumo rápido e de efeito garantido.

quarta-feira, março 30, 2005

 

O horror, o horror...

Dois filmes vistos recentemente e que me desagradaram bastante...

"Inimigo do Estado", de Tony Scott *
Como filme de ação, é eficiente até a metade. A partir daí, o corre-corre é repetitivo e irritante, a história toma um rumo constrangedoramente diferente, o final é a carnificina redentora de sempre. O mais interessante é notar que a pretensa proposta de um discurso mais "profundo" do filme acaba minada, e até mesmo ridicularizada, pela própria montagem da obra. Quando os personagens bradam seus inconformismos perante a vigilância exacerbada perpetrada pelas autoridades e sobre suas funestas conseqüências (a tal "mensagem superior" da película), vemos a câmera de Scott se dispersar com aquilo que acontece ao seu redor: focaliza ora um gato, ora o movimento das pessoas, as ruas... tudo merece atenção, menos algo que poderia trazer mais seriedade e relevância a seu filme. Para quê isso?, ele parece nos dizer. Assim, tudo se dilui no cinema cada vez mais descerebrado e descartável do irmão de Ridley.

"Ruas de Violência", de Michael Mann *
Se não fosse pela presença sempre marcante de James Caan, mesmo interpretando um personagem errático, e por algumas demonstrações do talento à época incipiente de seu diretor, esse seria um desastre total. Vemos Mann embarcando de cabeça no cinema de ação canalha tipicamente oitentista, a do self-made man da geração yuppie transposto para o mundo do crime, aquele cara que faz justiça com as próprias mãos, e que sempre pode contar com traumas velhos ou recentes para amenizar e/ou justificar suas atrocidades. Essa premissa, por si só no mínimo discutível, encontra um realizador ainda inseguro, trazendo consigo diversos vícios televisivos, contando uma história que não flui, esticando até onde pode o fiapinho de enredo que tinha em mãos. O ponto culminante dessa peça tão equivocada é uma matança desencontrada em seu final, cortada no justo momento em que o ladrão de Caan terminou o serviço perante seus cruéis algozes, nos fazendo crer que eles tiveram o que mereceram. O triunfo absoluto da violência sem sentido transformada em diversão das mais pobres.

sexta-feira, março 18, 2005

 

Tempo bom... que não volta mais

Uma passada por alguns discos marcantes do pop brasileiro anos 80, parte 1...

“Sessão da Tarde”, Léo Jaime – Léo Jaime, além de bom compositor, sempre soube se cercar das pessoas certas. Seu disco mais famoso conta com a participação de João Penca e seus Miquinhos Amestrados e de Paula Toller, além de uma composição de Marcelo Fromer e Tony Belloto, guitarristas dos Titãs. Seu negócio era mesmo resgatar a sonoridade do rock em sua fase mais inocente, principalmente a Jovem Guarda brasileira, e acrescentar letras de duplo sentido que escancaram o que a turma de Roberto Carlos apenas sugeria. Quando envereda pelo pop puro, como em “O Regime”, os resultados não são tão satisfatórios. Mas pérolas como “A Fórmula do Amor”, “O Pobre”, “As Sete Vampiras” e “Só”, além da inacreditável versão para “So Lonely” do The Police, aqui transformada em “Solange”, garantem a diversão. E com sobras.

“Cinema Mudo” e “Selvagem?”, Paralamas do Sucesso – Os Paralamas, na verdade, eram muito mais do que uma cópia paiacã de Police e Specials. Ao incorporar também grande influência de Gilberto Gil e do reggae roots/dub jamaicano, o trio sempre primou pela busca de uma sonoridade própria dentro do pop, o que lhe valeu uma das carreiras mais uniformes de nossa música. O primeiro disco, “Cinema Mudo”, era cheio de energia juvenil, letras bobinhas, simplicidade e inocência. “Selvagem?” apresenta uma banda surpreendentemente madura, arranjos mais sofisticados, letras ora versando problemas sociais (“Alagados”), ora mais introspectivas (“O Homem”). Uma prova incontestável de que o bom gosto pode andar lado a lado com a música pop.

“Cantando no Banheiro”, Eduardo Dusek – Mesmo que Dusek seja indisfarçavelmente presunçoso, é um antropófago de vocação; um artista capaz de dialogar com total desenvoltura com vários estilos musicais, como o samba, marchinhas de carnaval, o baião, o rock, e dedicar-lhes um irresistível sabor pop, que acaba se tornando sua marca pessoal. Se faltasse talento ao cantor/compositor/pianista, tudo poderia soar como paródia desrespeitosa e arrogante. Mas, como não lhe falta habilidade, "Cantando no Banheiro" pode ser considerada uma sincera homenagem à música popular brasileira, em todas as suas vertentes. Junte a isso letras provocativas, carregadas de humor sofisticado, e temos uma verdadeira obra-prima, hoje em dia infelizmente esquecida. O disco ainda conta com a participação dos onipresentes mas sempre geniais geniais Léo Jaime e João Penca e os Miquinhos Amestrados.

quarta-feira, março 16, 2005

 

Humildade? O que é isso?

O centroavante Adriano, da Inter de Milão, após marcar o último gol de sua equipe ante o lusitano Porto e selar a classificação dos italianos para apróxima fase da Liga dos Campeões, resolveu exaltar a própria eficiência. "Eu sou foda. Eu sou foda!", repetia, autoconfiante. Mas basta somente um rápido olhar para percebermos que o camisa 10 está longe de ser o fenômeno (ops!) que acredita ser. Fominha e estabanado, perde gols fáceis com enorme desenvoltura, isso quando não atrapalha os ataques do próprio time. Se não fosse pelo corpanzil que vez ou outra o auxilia a ganhar trombadas com zagueiros, Adriano não passaria de um atacnte comum, igual a tantos outros que pululam por aí. Mas quem somos nós para dizer alguma coisa, se o próprio atacante se considera tão genial?

Magrão, meio-campista do Palmeiras e mau-caráter dos mais imundos, resolveu meter sua emporcalhada colher aonde não devia, ao dar pitaco sobre o afastamento de Gil do time titular do Corinthians. Disse que o atleta merecia mais consideração por parte do clube, por quem já fez tanto. Repararam que este último verbo está no passado? Gil, que apesar de tão incensado nunca passou de jogador mediano, não vinha jogando nada há muito tempo. Só não vê quem não quer. Daniel Passarella não fez nada além de afastar da equipe um atleta deveram improdutivo. A solução seria simples: basta Gil voltar a jogar bola, mais nada.

terça-feira, março 08, 2005

 

Matador defasado

Autêntico objeto de culto, "Perseguidor Implacável", de Don Siegel, não resistiu à passagem do tempo. Provavelmente, o personagem Dirty Harry, vivido por Clint Eastwood, foi melhor lapidado em filmes seqüentes. O que temos aqui é um filme gratuito, não em questão de violência como muitos pregam, mas em questão estética mesmo. As imagens são frouxas, a direção é capenga, a fotografia é horrorosa, tudo é descosturado. O roteiro não apresenta motivações a nada, tudo é apenas aquilo que está na tela. É o que é, e não me pergunte o porquê. Mas talvez o que mais chame a atenção, e o que o filme tenha de mais atraente porém mal desenvolvido, é sua total amoralidade: o que move o bandido e o policial é a mesma coisa. E a única diferença entre os dois é a lei, o porte do distintivo. Pena que mesmo isso seja jogado a esmo na projeção, prejudicando até a boa caracterizção de Eastwood. Não me convenceu.

Esses jogadores de hoje em dia acreditam que jogar na Europa é a coisa mais maravilhosa do mundo. O zagueiro corinthiano Anderson agora está negociando transferência para o Benfica, de Portugal, e mal sabe questá indo para uma espécie de Campeonato Goiano da Europa. O Campeonato Português simplesmente não existe. É tão fraco que não serve de parâmetro nem para outros torneios europeus. Quem vai para lá dificilmente se destaca, e acaba desaparecendo rapidinho. Ou alguém por aí sabe o que Luis Fabiano anda fazendo no Porto? Ou se Diego tem jogado bem no meio de campo do mesmo time? Ou mais: que jogadores como Liédson, Fábio Rochemback, Giovane e Rogério são titulares de dois dos mais importantes times do país, o Benfica e o Sporting? Se achamos o Campeonato Brasileiro nivelado por baixo, imaginem o horror desse torneio lusitano...

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

 

Oscar na mira

Especializada em cerimônias modorrentas, a Academia de Artes e Ciências de Hollywood esse ano resolveu tentar uma entrega do Oscar mais dinâmica. Mas tudo pareceu extremamente mal ensaiado. Vimos um festival de barulhos estranhos, premiados perdidos, astros gaguejando suas falas, câmeras mostrando atrizes se levantando nos intervalos, Clive Owen retratado em close enquanto era anunciada sua derrota, a orquestra interrompendo os agradecimentos de Hillary Swank e os produtores de "Menina de Ouro"... tudo parecia um verdadeiro show de pastelão. E que não impediu a festa de, mais uma vez, ser longa e deveras maçante.

E, se por um lado o prêmio fez justiça a Clint Eastwood, premiando uma obra magnífica como "Menina de Ouro" e um cineasta em seu auge indiscutível, também fez justiça a Martin Scorsese. Se "O Aviador" não faz feio na filmografia desse genial novaiorquino, também não seria a ideal representação de sua grandiloqüente carreira. E se obras máximas como "Touro Indomável", "Taxi Driver" e "os Bons Companheiros" já foram esnobadas em algum lugar do passado, que diferença o prêmio faria agora? Ave Scorsese.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

 

A moral em questão

A cada dia que passa, vemos o futebol perder sua alma e adentrar em um mar de lama devido a vários fatores externos a ele, como transações com a Europa e altíssimos salários, e jogadores parecem contagiados por isso. Um dos lances mais emblemáticos dessa fase negra aconteceu nesse fim de semana: o gol que não entrou validado pelo bandeirinha e pelo juiz a favor do Atlético, no Paraná. Mas nem pelo gol: o que mais marcou foi o jogador, que fez um gol que não existiu, comemorando o tento. Ele sabia que a bola não havia entrado, até tinha ficado nervoso por ter desperdiçado lance tão claro, e mesmo assim saiu alegre em direção ao meio de campo, abraçando seus também eufóricos companheiros, numa amoral demonstração de, no mínimo, total falta de espírito esportivo. Não conseguiu nem ser decente o suficiente para admitir ao juiz que a bola não havia entrado; tratou de correr logo para longe dali e perpetrar uma lamentável e constrangedora farsa. Triste.

E se “Pret-a-Porter” pode ser considerado um dos piores filmes de todos os tempos, é devido à impressionante arrogância de Robert Altman. Temos, aqui, um cineasta inegavelmente habilidoso; cercado de um elenco estelar, fazendo um filme que se pretende irônico e mordaz em seu retrato do mundo da moda. Mas tudo desanda quando esse mesmo cineasta resolve agir de forma mais perniciosa e indolente do que aqueles que parece criticar. A asquerosa seqüência do desfile de nus é o ápice de toda a prepotência do diretor, que paira soberano sobre seus personagens e sobre sua história, transformando-se em uma espécie de Deus, impondo aquilo que acredita ser a “verdade” e rindo solto de tudo aquilo que considera medíocre e vazio em seus estereotipados retratados. Assim, Altman transformou sua obra em um verdadeiro tratado de ignorância e de futilidade – nesse caso, a sua própria.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

 

Ego é arte

Injustamente considerado um filme “menor” na extensa e grandiloqüente obra de Woody Allen, “Poucas e Boas” se revelou uma obra-prima digna de figurar entre os melhores trabalhos do diretor. Temos aqui um Sean Penn próximo da perfeição como o genial e genioso violinista Emmet Ray, tão talentoso quanto grosseiro e boêmio; e uma Samantha Morton absolutamente cativante e graciosa como a namorada muda do músico. Temos problemas no filme, sim: Uma Thurman, que aqui representa o alter-ego sempre presente do cineasta, aparece apagada e quebra um pouco o ritmo da película. Um certo clima pastelão e alto-astral da primeira parte é quase que abruptamente substituído pela melancolia de sua segunda parte, ambas um pouco distoantes entre si. Mas nada que comprometa o todo, principalmente porque está atrás das câmeras o verdadeiro dono do espetáculo. Filmando com uma segurança impressionante e com um tesão de dar gosto, Woody Allen diverte e se diverte, fazendo troça de suas próprias manias e egocentrismo. Um programaço!

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

 

Poesia pura

Uma pérola poética para vocês.

Eat My Fuck (The Meat Shits)

No rest for your weary cunt
Secretions of your lust
I shoot my cum
I gush
You suck me... eat my fuck

Eat my fuck
Get down - you suck
Eat my fuck
Get down - you slut
And eat my fuck

I bend your will
I must
Fill your ass with my thrust
I cut your flesh and spunk
You lick me... eat my fuck

Eat my fuck
Get down - you suck
Eat my fuck
Get down - you slut
And eat my fuck

Bitch you are my wet dream
Hurting you makes me cream
Close your eyes
I hear you screamI kill you ... eat my fuck
I kill you ... eat my fuck

Defecating corpse on my cock
Spew blood and shit in shock
All women should suck my cock
You are dead ... eat my fuck

Eat my fuck
Get down - you suck
Eat my fuck
Get down - you slut
And eat my fuck

Suck me
Fuck me
Eat my fuck
You will fry
You will die
Eat my fuck

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

 

Orgulhoso pecador

Lars Von Trier não faz filmes para purgar-se de seus pecados: ele quer, a partir deles, pecar cada vez mais. Esqueçam das pueris alegorias políticas anti-americanas e de toda a perfumaria cênica, e assistam a “Dogville” interessados apenas em uma história até certo ponto complexa, personagens ambíguos, ótimo elenco e direção segura. È um gigantesco exercício de egocentrismo sim, e não à toa divide opiniões até hoje. E Von Trier também não é nem de longe o gênio que acredita ser, mas é competente como realizador e mais ainda como polemista. Veremos aonde a carreira desse dinamarquês ira parar.

E "Arizona Nunca Mais" parece, visto hoje em dia, dirigido não por Joel Coen, mas por seu fotógrafo Barry Sonnenfeld. O registro visual do filme, e mesmo sua montagem acelerada, em nada lembra as obras seqüentes dos irmãos, em especial as do fim dos anos 90. Teriam os Coen amadurecido com o passar dos anos ou apenas cederam à época a pressões de mercado para fazerem um filme mais deglutível para as massas?



quinta-feira, janeiro 27, 2005

 

Time is music

Algumas coisas que aindei adquirindo e/ou escutando nos últimos tempos...

"Master", Master - interessante poder escutar algumas bandas death metal das antigas nos dias de hoje. O Master é uma das mais importantes já surgidas em solo americano, mas seu debut soa hoje como um avassalador registro crust/HC, com vocais semelhantes a de Max Cavalera fase "Schizophrenia/Beneath the Remains". Pena que a mesma fórmula é repetida com pouquíssimas variações, o que torna as últimas músicas algo cansativas.
"Beyond the Gates", Possessed - Muito se diz que, nessa bolacha, o Possessed enveredou por caminhos mais melódicos e acessíveis. Balela: temos aqui o mesmo ataque death/thrash de "Seven Churches", apenas acrescido de maior preocupação instrumental e com músicas melhores estruturadas. Estupendo disco, portanto.
"Affiliated With the Suffering", Blood Red Throne - Esses noruegueses se dedicam a uma sonoridade old school, fazendo um death metal mais cadenciado e pouco veloz, sem deixar de ser esporrento e sujo até o talo. Interessante, mas nada de muito alentador para esse hoje em dia estagnado estilo.
"The Yes Album", Yes - Não é difícil entender o porquê do Yes ser tão discutido: suas extravagâncias intrumentais, seu virtuosismo e sua postura "cabeça" podem parecer herméticas e espantar a uma primeira vista. Mas é impressionante como as melodias vocais e os arranjos são facilmente palatáveis, e transformam canções quilométricas em agradáveis viagens progressivas. Assim, obras-primas como "I´ve Seen All Good People" e "Starship Trooper" dispensam comentários.

quarta-feira, dezembro 08, 2004

 

Revisões, revisões...

Alguns filmes revistos nos últimos dias:

- Repare como "Taxi Driver" já demonstra a excepcional habilidade de Martin Scorsese em encaixar as músicas de sua película nos momentos certos. Chega a ser sobrenatural. Kubrick e Kurosawa também eram mestres do recurso, mas a utilizavam mais como um complemento das cenas. Scorsese não: ele prefere as utilizar como um elemento dissonante, criando uma sensação diferente em nossos ouvidos daquilo que nossos olhos estão enxergando. E repare, também, como Robert de Niro é sempre jogado para as laterais da câmera nas cenas em que aparece, raramente sua imagem é centralizada. É um marginal em seu próprio filme.

- Woody Allen é o mais teatral dos cineastas, não resta dúvida. O teatro está presente de forma inequívoca em "Hannah e suas Irmãs", já que praticamente visualisamos o filme em um palco, com seu script trasbordante de diálogos e suas câmeras estáticas. E, como sua base é o teatro, o perfeccionismo do diretor para com a atuação de seus comandados não é nada assustador. Em "Hannah..." isso se confirma como em quase todas as obras de sua carreira: TODAS as interpretações são fantásticas.

- Apesar de divertido, ainda considero "Síndrome de Caim" um dos menores filmes de Brian de Palma justamente por ser um dos mais gratuitamente masturbatórios e exibicionistas de sua carreira... mas ainda acho que "Pecados de Guerra" é sua pior obra (dentre os que eu assisti, claro...).

sexta-feira, novembro 26, 2004

 

Tarantino e Kaufman

Filmes vistos essa semana (no tosco Cine Popular daqui de São Bernardo, um pulgueiro desconfortável e com uma péssima projeção)...

Kill Bill Volume 2 - Quentin Tarantino
Esse é com certeza o mais diferenciado dos filmes já feitos por Tarantino. Com um registro mais introspectivo e cadenciado, o diretor resolveu contar, quase sem sangue, uma história de amor. Ou duas. Ou três. Explico: ainda homenageando duas de suas maiores paixões, os westerns-spagetti e os filmes baratos de artes marciais, Tarantino conta a história de amor entre a Noiva e seu algoz, Bill. Um amor mal resolvido e impulsivo, que, mesmo após o término da vingança, não perecerá. Ambos os volumes dessa saga são rigorosamente diferentes: o primeiro apostava primordialmente em diversão; o segundo já se mostra mais reflexivo. E, mesmo tendo mudado totalmente o foco de seu interesse, Tarantino ainda demonstra como é muito acima da média dos diretores contemporâneos. Vale a pena encarar essa saga.

Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças - Michael Gondry
O que mais incomoda aqui é o excesso de louvor a Charlie Kaufman. Roteirista interessante porém supervalorizado, Kaufman já virou uma espécie de grife em Hollywood. O diretor Gondry, aqui, parece intimidado com toda essa suposta genialidade do roteirista e, se por um lado acerta a mão com um tom mais contido, perece por ser tão reverente ao material que tinha em mãos, e não ao que filmava. Mesmo as atuações de Jim Carrey e Kate Winslet estão abaixo do que poderiam render. Um filme interessante sim, mas meio capenguinha em sua neurose embonecada.

quarta-feira, novembro 24, 2004

 

Rapidinhas sobre futebol - parte 2

Galvão Bueno - ele mesmo - soltou mais uma pérola na transmissão desse fim de semana. Perguntado se o campeonato brasileiro é mais competitivo que os campeonatos europeus, o serelepe narrador se saiu com essa: "Acho que sim. Afinal, na Europa são 2 ou 3 os times favoritos ao título. Aqui, são 12 ou 13". E quem seriam esses favoritos? Flamengo? Botafogo? Atlético-MG? Vasco? Essa é boa. Galvão, Galvão...

Essa tranferência de Robinho para o Real Madrid, se confirmada, pode ser, do ponto de vista técnico, péssimo negócio para o atacante. Afinal, se até o tão badalado Michael Owen esquenta banco no time merengue, destino diferente do banco de reservas não parece ser o futuro do santista. A menos que coma a bola por lá.

E a imprensa agora estava fazendo pressão para tirarem pontos do Atlético Paranaense, devido a uma suposta inscrição irregular de um jogador. Mais uma vez, dançaram - a tal inscrição irregular era, na verdade, totalmente regular. Os ânimos dos "profissionais" só apaziguarão quando o Santos se sagrar campeão. E está difícil...

Alguém aí ainda agüenta essa história MSI-Corinthians?

segunda-feira, novembro 22, 2004

 

Rapidinhas sobre futebol...

Impressionante a força que certos setores da imprensa paulista está fazendo a favor do Santos e contra o provável campeão brasileiro Atlético Paranaense. Regular, ofensivo e contando com o atacante mais efetivo do Campeonato, o centroavante Washington, dificilmente o time do Paraná não irá faturar o troféu de campeão. Para o desgosto de muitos “profissionais”...

E falando em Washington, ele entrou para a história do futebol brasileiro agora estatisticamente, quebrando o recorde de gols marcados em um só certame. Mas já havia entrado antes, como o principal exemplo de superação da história de nossos gramados.

Interessante notar como o São Paulo melhorou sua força ofensiva desde que Leão assumiu o time. Antes, com o limitadíssimo aprendiz de Parreira de nome Cuca, o time dificilmente fazia mais de um gol por jogo, e isso quando conseguia marcar. Agora, mesmo com atacantes improvisados, consegue golear com muito mais facilidade. E ainda vêm dizer que técnicos não fazem diferença...

No futebol internacional, é triste notar a decadência de Hernan Crespo, não há muito tempo atrás um dos melhores atacantes do mundo. Desde que saiu da Lazio, após ser o artilheiro de uma temporada em grandíssima forma, nunca mais conseguiu repetir o futebol que o consagrou. Passou por Inter de Milão e Chelsea sem deixar saudade. Agora, no Milan, continua apagado. Uma pena.


terça-feira, novembro 16, 2004

 

Westerns e metal melódico

O cinema de John Ford se baseava em contradições. O diretor fazia filmes comerciais mesmo, mas não raro escapava das amarras dos estúdios fazendo a mais pura arte. Versava sobre os heróis americanos, mas se encantava mais com o homem comum. Trabalhava com a grandiosidade, mas estudava como poucos as introspecções de seus personagens. Produziu muito em vida, portanto sua carreira é formada por altos e baixos. “Rio Grande” traz um dos casais favoritos da América, John Wayne e Maureen O’Hara, às voltas com problemas de reconciliação e com a invasão apache na fronteira com o México. Mesmo com atrativos (principalmente visuais), o grande problema do filme é seu roteiro descozido, que sonega informações essenciais ao entendimento da história, e prejudica o andamento da mesma. Os melhores momentos da fita são aqueles em que o par central contracena, esbanjando uma deliciosa química.

CDs do último (e melódico) fim de semana...

Tuatha de Dannan, “The Delirium has Just Begun” e o disco novo – sinto muito, mas isso aqui mais parece uma piada. Sem saber que direção tomar, a banda atira para todos os lados, e não acerta nenhum. Constrangedor.
Sonata Arctica, “Winterheart´s Guild” - competente e muito bem feito sim, mas melódico demais pro meu gosto.
Kotipelto, “Waiting fot the Dawn” - o vocalista saiu do Stratovarius para fazer um som rigorosamente idêntico ao da sua antiga banda. Como não tem Timmo Tolkki nas guitarras, passou vergonha.
Sinergy, “Suicide by my Side” – reto e sem nenhum swing, caindo algumas vezes para o hard rock, o som dessa banda não desperta mais do que letargia. E o cover para “The Number of the Beast”, com performance vocal risível, ficou particularmente horroroso.

Dream Evil, “The Book of Heavy Metal” – alguns bons riffs perdidos em meio a uma bateria simplória e a um vocal afetado como poucos. Uma das mais genéricas e descartáveis bandas do metal atual.

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